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En colaboración conCAF

Afro-América: a história invisibilizada da América Latina

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‘Afro-América’, uma história viva que transforma o presente

O especial multimídia ‘A história invisibilizada da América Latina’ impulsiona uma nova narrativa para contar sobre os territórios e povos afrodescendentes. Suas histórias são indispensáveis para construir o futuro da região

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Durante o século XVI e até o XIX, estima-se que entre 10 e 12,5 milhões de pessoas escravizadas foram trazidas para a América Latina e para o Caribe pelos colonizadores europeus. Muitas delas descendiam de linhagens reais africanas ou possuíam profundos conhecimentos em ciência, botânica, agricultura, música, religião e outros saberes ancestrais. Despojadas de sua liberdade, desempenharam um papel decisivo na construção das bases sociais, culturais, políticas e econômicas da América Latina e do Caribe. Hoje, são poucos os âmbitos na região onde a influência africana não tenha deixado marcas profundas. Mas quanto sabemos sobre isso? Quanto desse relato predomina na nossa história?

Esse é o ponto de partida de A história invisibilizada da América Latina, um especial multimídia que percorre o continente americano, dos Estados Unidos ao Brasil e à Colômbia ou ao Caribe; mas que também viaja a lugares menos óbvios como La Paz, em Bolívia, Buenos Aires, na Argentina, ou Tepoztlán, ao sul da Cidade do México, em busca das histórias dos mais de 150 milhões de latino-americanos e caribenhos que se definem como afrodescendentes. Eles representam mais de 20% da população, segundo diversas estatísticas, e contribuíram para a configuração dos países da região, mas suas histórias foram tradicionalmente apagadas ou estereotipadas.

Uma equipe multimídia de jornalistas, editoras, videojornalistas, fotógrafas, ilustradores e escritoras trabalhou nos últimos dois anos neste especial que trata de temas tão urgentes e diversos como reparações pela escravidão, vistas não só do ponto de vista econômico; inclusão política — desde o lobby feito por um grupo de afro-colombianos no Capitólio, em Washington, até o poderoso movimento das mulheres negras latino-americanas; a dupla discriminação sofrida pelos afro-latinos nos Estados Unidos e a dificuldade em se aceitarem como tal; ou o enorme poder econômico do afroturismo em Salvador, a capital “mais africana” da América.

Além disso, no podcast A oralidade e os tambores (disponível apenas em espanhol), a comunicadora e cantora panamenha Miroslava Herrera, do projeto cultural Palenque Afrodisíaco, recorda a importância dos tambores, da música e da oralidade para a sobrevivência da história e dos relatos afro. No vídeo Sou daqui, a acadêmica mexicana Tanya Duarte, a pesquisadora argentina Miriam Gomes e o engenheiro boliviano Juan Carlos Ballivián contam em primeira pessoa como é viver em países que tradicionalmente não são associados com a afrodescendência. E a escritora equatoriana Yuliana Ortiz escreve na coluna de opinião Servir sem amo como, “desde a Colônia, os corpos negros foram vistos como força de trabalho, e não como sujeitos plenos de direitos”, algo que, pondera, ficou demonstrado com o caso dos quatro garotos afrodescendentes assassinados em seu país, em um crime praticado por militares. Servir sem amo, diz Ortiz, “é apostar em práticas de cuidado e criação que não respondam a hierarquias estatais nem ao mercado. Servir à comunidade, à vida, sem prestar contas a patrões visíveis ou invisíveis”.

NO USAR, SOLO PARA EL TEMA DE AMÉRICA FUTURA:
La capital afro de América Latina quiere reescribir su pasado

Todas as histórias que integram este trabalho demonstram que as comunidades afro continuam tentando reconstruir sua história, preservar sua memória, consolidar sua visibilidade, fortalecer suas economias e ocupar espaços de poder político a partir das suas próprias perspectivas. Todos esses objetivos estão contemplados no âmbito da Segunda Década Internacional para os Afrodescendentes (2025-2034), em que as Nações Unidas convocaram a continuar a promover justiça, reconhecimento e desenvolvimento dessas comunidades. Um caminho sem dúvida árduo na região mais desigual do mundo.

Na América Latina e no Caribe, 10% da população concentra 77% da riqueza, e as comunidades afrodescendentes e indígenas enfrentam as maiores barreiras à mobilidade social e econômica. Têm 2,5 vezes mais probabilidade de viver em pobreza crônica, o que deixa evidente que a racialização e a identidade continuam a ser fatores determinantes no acesso a oportunidades.

Surgem então questões cruciais: como evitar que as populações afrodescendentes voltem a ser excluídas dos futuros que estão sendo construídos? Em um cenário de crises interligadas e onde a exclusão digital não é apenas geográfica mas também socioeconômica e racial, se as comunidades afrodescendentes não forem integradas desde o início a esse processo de digitalização, correm o risco de ficar marginalizadas da economia e das decisões políticas.

Reverter as condições sistêmicas que geraram empobrecimento e exclusão é um grande desafio. No entanto, hoje existem oportunidades: o crescimento acelerado dos níveis educacionais, o estímulo à inovação e à criatividade cultural e tecnológica, o crescimento de empresas e economias lideradas por pessoas negras, o reconhecimento dos potenciais territoriais e produtivos, e o fortalecimento da liderança social, política e comunitária da diáspora afrodescendente permitem pensar que transformar a equação histórica de desigualdade é possível. Além disso, em diversos países, as populações afrodescendentes, junto a outros grupos, representam uma parcela significativa da população economicamente ativa, o que reforça seu papel estratégico no desenvolvimento. Isso é evidenciado pelo recente estudo sobre o ecossistema do afroempreendedorismo realizado pelo CAF e pela Feira Preta, que mostra como é possível gerar renda enquanto se celebra a memória e o orgulho negro.

Em um contexto marcado pela crescente liderança de mulheres afrodescendentes nas esferas política e econômica, pelo desenvolvimento de ativos econômicos étnicos, como o afroturismo e o empreendedorismo, e por avanços regulatórios e institucionais — incluindo a agenda de reparações no Caribe —, a visibilidade da presença afro aumenta. O caminho continua com uma meta clara: alcançar uma nova emancipação econômica, social, tecnológica e política para as pessoas afrodescendentes na América Latina e no Caribe.

Afro-América se apresenta, nesse sentido, como uma conversa urgente e contínua para pensar um futuro em que todos importem. Daqui da América Futura, seção de desenvolvimento sustentável do EL PAÍS América, em parceria com o CAF-banco de desenvolvimento da América Latina e do Caribe, convidamos você a ser parte disso. Queremos te ouvir!

Afroamérica: La historia invisibilizada de América Latina

‘A história invisibilizada da América Latina’ é um especial da América Futura, a seção do El País América em parceria com o CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe para percorrer as comunidades afrodescendentes do continente. E também queremos te ouvir. Sabemos que em muitas famílias existe uma história invisibilizada. Quer contar a sua? americaesafro@gmail.com

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